E aí???
Mais um pra turma ou só um doador para a Dogera???
Para ajudar na decisão, um pouquinho sobre o Dodge Le Baron, em uma reportagem publicada pela revista Quatro Rodas de maio de 2005:
A dúvida de senhores bem postos na sociedade ao comprar um carro de luxo, no fim dos anos 70, resumia-se a poucas opções: Ford Landau, Alfa Romeo 2300 e Dodge Le Baron. O trio retratava a fina flor da frota nacional, quando o assunto eram sedãs top, carrões para quem os quase 100.000 reais em valores de hoje não pesavam no bolso.
Eram tempos de importações proibidas e postos de gasolina fechados depois das 20h. O Le Baron chegou com tanque com capacidade para 107 litros, uma autonomia de 630 quilômetros nas navegações noturnas naquelas épocas de obscurantismo econômico. Impulsionado por um V8 de 201 cavalos, o sedã fabricado pela Chrysler proporcionava conforto aos passageiros com bancos que pareciam espalhafatosos sofás de sala de estar. Ar-condicionado era um opcional quase obrigatório do modelo, que podia vir também com câmbio automático no lugar do manual de três marchas. Para o motorista havia ainda a ajuda da direção hidráulica nas manobras, item de série.
O Le Baron chegou numa fase em que a Chrysler enfrentava a dura realidade dos números. As vendas vinham despencando em alta velocidade. Para se ter uma idéia, o Dart, carro-chefe da linha, mergulhou dos 15000 carros vendidos em 1973 para apenas 535 unidades em 1977.
Era de se esperar que não houvesse o menor entusiasmo - e muito menos disponibilidade - da fábrica em investir pesado nos produtos Dodge. Ainda assim, a linha 1979 trouxe duas novidades, o cupê Magnum e o sedã Le Baron. Com alterações estéticas e mecânicas (com destaque para o câmbio automático com sistema Lock-up, que tinha por objetivo reduzir o consumo de combustível), a safra proporcionou uma significativa recuperação de mercado: naquele ano eles ajudaram a quadruplicar as vendas, encalhadas no ano anterior na marca dos 1000 carros. Dentro do regime de contenção de custos, algumas mudanças foram feitas na raça. Isso explica o uso de fibra de vidro na dianteira para renovar a expressão dos Dodge. O recurso economizou novo ferramental, caso fossem produzidas com aço. O problema é que o pessoal de pintura não estava familiarizado com o tratamento do material. Resultado: a pintura sobre fibra começava a descascar com os carros ainda no pátio da fábrica, o que acabou atrasando a entrega dos novos veículos. Naquele 1979, 67% das ações da Chrysler do Brasil foram vendidas para a matriz da Volkswagen.
Mesmo tendo bons predicados, o Le Baron prescindia de refinamentos como ar-condicionado embutido no painel e vidros elétricos, detalhes já disponíveis em carros de segmento inferior. O acabamento do interior impressionava à primeira vista, mas não chegava a levar um 10 com louvor. Especialmente no último ano de produção, quando a antiga casimira do estofamento foi substituída por um veludo cotelê de qualidade inferior. Nesse quesito, o Chrysler ficava a quilômetros de distância do Ford Landau, mais discreto e com materiais de maior qualidade. O interior tinha opções em preto, caramelo ou azul e o teto de vinil acompanhava a cor interna.
As plaquetas de identificação dos Le Baron tiveram várias procedências: os primeiros saíram como tendo sido fabricados pela Chrysler Corporation; depois, já sob o controle VW, passaram a ter seu "RG" emitido pela Chrysler Motors; em 1981, a maioria dos carros saiu de fábrica com a identificação VW Caminhões. É esse o caso do carro de Rodrigo Moreno, que você vê nas fotos. É o segundo Dodge V8 do gerente comercial de 25 anos. Com câmbio manual de três marchas na coluna, o carro aproveita a força do motor e economiza trocas de marcha. Ao rodar, ouve-se apenas o som agradável do trabalho dos oito cilindros quando instados pela pressão no acelerador. A alimentação do motor de 5,2 litros é feita por dupla carburação.
Apesar da curta existência, o Le Baron deixou sua marca como carro de luxo, mas pagou o preço de ter chegado na fase terminal da Chrysler. Alexandre Badolato, estudioso da história dos Dodge brasileiros, afirma que um ano após o término de sua fabricação era possível comprar um Le Baron pelo preço de um Fusca zero-quilômetro. Ainda assim, nada menos que 11 Le Baron teriam sido faturados em 1984 (!). Foram produzidos por volta de 1000 carros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário