11.3.11

Obrigado, Ford, pelos equívocos que transformaram o Maverick num ícone!

Na década de 60, mais precisamente a partir no ano de 67, a Ford cometeu uma série de equívocos que culminaram na paixão pelo Landau e pelo Maverick.



Neste ano, na Argentina, a Ford lançou o Falcon, um carro mais compacto e econômico. Nesta mesma época, no Brasil, a fábrica lançou o Galaxie 500, muito maior e mais pesado, ou seja, muito mais beberrão. Essa decisão foi muito mais voltada para o lado logístico que mercadológico, uma vez que o motores de caminhão eram fabricados aqui e serviriam para o Galaxie. Bom lembrar que naquela época, a unidade brasileira não tinha o costume de lançar carros, só de fabricar os motores.

Mais equivocada ainda foi a decisão de lançar o Maverick por aqui, no início da década de 70.

A Ford do Brasil, na época, detinha o controle acionário da Willys-Overland do Brasil e, desde a década de 60 fabricava os modelos Aero-Willys 2600 e o Itamaraty. Porém a nova década chegou com esses modelos bastante defasados, e a montadora necessitava urgentemente de um modelo para substituí-los, além  de combater o Opala no mercado nacional.

O Ford Galaxie, apesar de ser febre entre os magnatas mais endinheirados e poderosos, era demasiado caro e luxuoso (algumas versões saíam de fábrica com ar condicionado, direção hidráulica e câmbio automático). Eles precisavam de um carro de médio para grande porte.

 Então a empresa desenvolveu uma pesquisa de mercado com um grupo seleto de 1.300 clientes da Ford: em um salão havia 3 carros, todos brancos e sem qualquer identificação: um Ford Maverick americano, um Ford Taunus alemão e um Ford Cortina inglês. Um formulário com várias perguntas foi entregue a cada um e, ao final da tabulação, o resultado foi claro: o vencedor foi o Ford Taunus. Por aqui a gasolina sempre foi muito cara, por isso os brasileiros preferiam carros mais compactos e econômicos.

Porém, produzir o Taunus no Brasil era um problema e tanto para a Ford, que ainda não fabricava por aqui um motor que coubesse no carro (levaria algum tempo até a fábrica de Tatuapé fabricar um motor compatível) e sua suspensão traseira  independente exigiria o investimento de cerca de 70 milhões de dólares. Ou seja: a Ford não tinha tempo e nem dinheiro para lançar o Taunus. Ainda mais porque estavam correndo para não ficarem para trás em relação as outras montadoras no Salão do Automóvel de 1973.

Então a alta direção da Ford optou por uma decisão drástica: contrariar sua própria pesquisa e lançar o Maverick no Brasil.

Para esta empreitada, ela contava com toda a estrutura da Willys, usando toda a sua mecânica. Assim, o Maverick foi lançado em duas versões: o ultrapassado Willys 6 cilindros e o usado no Mustang, o V8 302 canadense (que de canadense não tinha nada, pois era fabricado em Dearborn, Michigan - EUA. Ganhou a fama apenas porque era embarcado no Canadá).

Embora o Maverick tenha sido um sucesso estrondoso nos EUA, no Brasil o carro amargou fracasso desde o começo. Apesar de ser um muscle car potente, por aqui nao fez muito sucesso. Foram várias as tentativas da Ford para acertar o rumo. Em plena crise do petróleo foi lançado o 4 cilindros. Embora fosse um motor muito bom (chegou a rodar até na Ranger), para o Maverick nao casou muito bem.  Aliás, até hoje os aficcionados pelo Maverick trocam o motor de 4 cilindros por um V8 (eu mesmo sou um).

De equívoco em equívoco, o carro, lançado em 1971 em uma das maiores campanhas de marketing da indústria automobilistica nacional, com cenas filmadas nos Andes e na Bolívia, encerrou sua produçao, várias versões depois, em abril de1979. Na epoca, tinham tantos Mavericks encalhados que as concessionárias o venderam até o final do ano.

A falta de sucesso no passado fez com que o Maverick fosse um carro raro e muitos se mantivessem em boas condições, tornando-o o mais cobiçado do meio. Há pouquíssimas unidades à venda. Em termos de fama, apenas o Dodge Charger  chega perto dele.  
Atualmente, tanto o Galaxie, quanto o Landau, o LTD e o Maverick são sonhos de consumo de 9 em cada 10 colecionadores. As facilidades de importar peças dos originais americanos ajudaram a impulsionar a febre.

Como bom apaixonado e ex-piloto, eu também tenho meu Maveco na garagem e achei, no site http://www.maverick73.com.br/ uma ótima fonte de informações e suporte (incluindo os anúncios originais desta postagem).

 Assista a alguns comerciais do Maverick:

Mais imagens:


Um comentário:

Vital disse...

Bom dia, meu nome é Luis Vital e achei o seu blog muito bom. Meu pai trabalhou na Ford desde a Willys e estava no dia que o Maverick foi apresentado internamente. Apesar disto, não tenho um, sempre preferi a linh Dodge. Claro que gostaria de ter um GT, mas os preços ficaram fora de questão.

abraços! Vital. Dê uma passada no meu blog, lá tem algumas histórias atuais e de época.

http://dodgeseoutrashistorias.blogspot.com/

abraços

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