26.3.10

Sucesso Garantido!

Dia desses, meu dono estava dando uma olhada no Mercado Livre e achou esse Maverick 1977 4cc escondido em um sítio no interior da serra fluminense.

Ele comprou, claro!!!

E, apesar de ter que ser transportado de guincho até a fábrica, já fez o maior sucesso no caminho! Também... com 4 rodinhas gaúchas, sendo 8" na dianteira e 10" na traseira...

Mas meu dono já tem planos para mexer na máquina; vai transformá-lo num Maverick GT V8!
Aguarde cenas dos próximos capítulos!
Enquanto isso, vou manter meu posto de "Manga também é cultura":
O Ford Maverick surgiu nos EUA em 1969, concebido para combater a invasão de europeus e japoneses no mercado americano. Ele foi considerado o "anti-fusca", por ser o modelo que tiraria compradores da Volkswagen, que estava invadindo o mercado com carros baratos, práticos e de fácil manutenção, ao contrário de seus concorrentes. Foi nesse cenário que, em 17 de abril de 1969, surgiu o Ford Maverick.
A receita era simples: um carro compacto de manutenção simples e barata, fácil de manobrar. Com aparência inspirada no Mustang, identificando-o como um carro para a família, prático, moderno, econômico e com um leve toque esportivo. Em seu primeiro ano vendeu 579.000 unidades - quase 5.000 a mais que o Mustang em seu primeiro ano de vendas.

Na época existiam dois modelos Ford no Brasil: o Corcel e o luxuoso Galaxie. Só que entre o popular e o luxuoso havia um espaço a ser preenchido. Esse espaço aparentemente estava ocupado pelo Aero-Willys e Itamaraty (versão luxuosa do Aero), que já estavam ficando ultrapassados, sem contar os inúmeros problemas mecânicos.

A briga por um mercado de populares de médio porte (confortáveis mas econômicos) estava começando. A Chrysler desenvolvia o Dodge 1800. A Volkswagen preparava um "fusca quadrado" que se chamaria Brasília, além de uma aposta alta no Passat que, em tese, mudou o mercado nacional.
A Ford preparou uma pesquisa, que por sinal teve por resultado uma das ações mais estranhas da história do marketing automobilistico nacional. A montadora definiu seu público-alvo e, utilizando quatro veículos, todos brancos e sem qualquer identificação quanto ao nome e fabricante - um Opala, um Corcel, um Maverick norte-americano e um Ford Taunus europeu - tentou identificar qual seria sua meta de trabalho. A pesquisa elegeu o Taunus e este traduzia os desejos de consumo daquele público acostumado com os padrões de conforto e economia dos veículos europeus.
Aí surgiram os problemas: o Taunus exigiria um motor que só seria possível em 1975, com a conclusão de uma outra fábrica. A suspensão traseira, independente, era bem mais moderna que a de eixo rígido do Aero/Itamaraty. A adaptação do Taunus ao nosso mercado começou a se mostrar inviável. O tempo era curto e a competição seria acirrada. A idéia era utilizar ao máximo os componentes do velho Aero. A pesquisa foi posta de lado e, para surpresa dos profissionais de marketing e estratégia, a empresa optou por lançar o Maverick.
Os objetivos maiores da empresa falaram mais alto, que eram a urgência e economia de investimentos. Começaram os problemas. Alguns motores de seis cilindros 3,0 litros do Aero-Willys "derreteram" em testes devido ao sistema de arrefecimento mal dimencionado e ineficiente. A lubrificação deu problema e foi necessário uma nova bomba de óleo com sentido trocado, ou seja, no bombeamento o óleo era sugado dos mancais para o cárter... Sanados os problemas, e com mais uma "passagem" externa de água para o sexto cilindro, lançaram o Maverick em junho de 1973, que por sinal era igual ao modelo americano de 1970.
As versões lançadas foram a Super e Super Luxo. Logo apareceu a versão esportiva GT com motor V8 importado, de 4,95 litros, que saía de fábrica com pintura metálica e direção hidráulica como únicos opcionais. Além das faixas pretas e o novo motor, tinha tantos (ou quase tantos) cromados quanto as outras versões. Tinha também seus problemas: freios traseiros com tendência ao travamento das rodas e radiador subdimensionado para o clima tropical (padrão dos Maverick´s).
Nos testes no Brasil, o "capô do motor V8" chegava a abrir e era jogado de encontro ao "pára-brisa. Daí os GTs saírem com pequenas presilhas no capô. Apesar da baixa taxa de compressão do primeiro motor, 7,5:1, o desempenho era bastante bom para a época: aceleração de 0 a 100 km/h em 11,5 segundos e 178 km/h de velocidade máxima. Como comparação, o velho "seis bocas" chegava a gastar quase 30 segundos na aceleração e mal chegava na marca de 150 km/h.
Ao final do mesmo ano chegava o Maverick de quatro portas, oferecendo mais espaço aos passageiros de trás por conta de entre-eixos mais longo, mas não agradou ao público.
Resolvido o velho problema do radiador, o GT e as outras versões, equipadas opcionalmente com o V8, atingiram vendas significativas: o esportivo chegou a 2.000 unidades no primeiro ano e mais de 4.000 no segundo.

Os concorrentes não chegaram sequer perto em questão de vendas. Na época eram o Opala 6cc e os Dodge Dart e Charger RT, equipados com V8 308.

O Maverick "seis bocas" foi realmente o desastre, pois era mais pesado que o Opala e seu desempenho era próximo de qualquer quatro-cilindros. Mas vale ressaltar que o motor 06 cilindros era muito silencioso.

O V8 era a resposta aos concorrentes, até chegar a crise do petróleo no final dos anos 70, uma ameaça ao bolso dos consumidores. Como o "seis bocas" bebia como um V8 e andava praticamente como um carro médio de quatro cilindros, o Maverick ganhou fama de beberrão, e foi caindo em desgraça. Com isso, em 1979, depois de mais de 100.000 unidades vendidas o nosso lendário Maverick saía de linha para dar lugar ao Corcel II.

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